A diocese de Nova Friburgo foi criada em 1960, durante a preparação para o Concílio e teve como primeiro bispo Dom Clemente Isnard, beneditino, que foi na CNBB uma referência na recepção pastoral e litúrgica do Concílio. Na sua diocese implementou um projeto de Igreja Povo de Deus que deixou marcas até hoje. Acolhendo o novo bispo, a Escola de Comunidades enviou-lhe uma carta, que tornamos pública.
Escola de Comunidades
Diocese de Nova Friburgo
Querido D. Luiz Antônio Lopes Ricci,
“Seja bendito quem chega trazendo paz! Trazendo a paz do Senhor!”
O sol da manhã do dia seis de maio de dois mil e vinte brilhou mais intenso nas montanhas, nos campos e no litoral, pois a nossa Diocese de Nova Friburgo, neste Ano Jubilar, recebeu com muita alegria e esperança a tua nomeação para pastorear esta porção do Povo de Deus. Em primeiríssimo lugar o saudamos e o acolhemos: seja muito bem-vindo entre nós!
Estas boas-vindas que fazemos chegar em tuas mãos, segue com os anseios de lideranças leigas que estão organizadas e articuladas em nossa Diocese, sob a denominação Escola de Comunidades. Essa articulação, assim denominada, surgiu a partir dos Encontros Diocesanos de Comunidades realizados desde 2014, com o objetivo de refletir, partilhar, trocar experiências, identificar desafios e propor iniciativas para que as comunidades sejam lugares de acolhida, celebração, encontro, caridade e missão. E a partir da IV edição deste encontro Diocesano, sentiu-se a necessidade de momentos de reflexão, oração, partilha da Palavra com as lideranças das pastorais e das comunidades, com maior frequência, porém numa estrutura e mobilização mais reduzida. E assim, temos caminhado até aqui com fé, coragem e ousadia em meio a alegrias, desafios e, porque não dizer, em meio a decepções e até lágrimas. No entanto, aqui estamos!
Somos uma Diocese que nasceu da sabedoria do Espírito Santo e cheia das luzes do Concílio Vaticano II e sob sua inspiração, nos formamos como Povo de Deus. Ao longo da jornada e inerente a quem caminha, peregrinamos entre luzes e sombras, mas soubemos semear e acolher os ventos que nos animaram nos nossos sonhos de Igreja conforme o desejo de Jesus de Nazaré. Esta porção do Povo de Deus tão extensa territorialmente, é composta de dezenove (19) Municípios divididos em três Vicariatos Episcopais, cuja diversidade se dá a nível geográfico, econômico, cultural, social e também eclesial; assim, possuímos uma caminhada que nos desafia à unidade evangelizadora na riqueza de nossas realidades tão diversas.
Caro D. Luiz, como membros do Povo de Deus, vimos por meio desta acolhê-lo e transbordar os sonhos de seguidores de Jesus, os quais foram silenciados dentro de cada um de nós durante um longo período. Com a Boa notícia que recebemos, sentimo-nos impulsionados a manifestar nosso mais sincero desejo de uma Igreja discípula e missionária que trilhe os caminhos sempre atuais do Concílio Vaticano II; uma Igreja de comunhão, diálogo, ministerial, participativa, sinodal, solidária e samaritana; sonhamos com uma Igreja em “que as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos homens de hoje, sobretudo dos pobres e de todos os que sofrem, sejam também as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos discípulos de Cristo” (GS n. 1). Desejamos uma Igreja em comunhão com o nosso Papa Francisco; não uma comunhão superficial e diplomática, mas a que encarna suas palavras, seus gestos e compromissos com o povo, sobretudo, com os mais pobres. Sonhamos com o Papa Francisco, uma “Igreja pobre para os pobres” (EG n. 198). Temos os pés fincados no extenso chão desta nossa Diocese, com realidades eclesiais de muita esperança e também de desafios, no entanto, não queremos deixar de ser iluminados pelos encaminhamentos provenientes de nossa Tradição Latino-Americana, a partir de ensinamentos que falam diretamente ao cotidiano de nossa vivência cristã. Por isso, consideramos de suma importância a acolhida das diretrizes evangelizadoras das Conferências Episcopais Latino Americanas (CELAM) e seus inspirados ensinamentos pastorais, que nos ajudam a ser discípulos-missionários chamados ao seguimento de Jesus, o Pobre de Nazaré, e a viver a comunhão entre nós, inseridos em nossas paróquias, verdadeiras Comunidade de comunidades (DAp n. 170). Somos uma Igreja-comunhão, por isso, cremos que a unidade entre fieis e pastores e entre pastores e seu povo, são critérios essenciais para um verdadeiro testemunho de Jesus Cristo e de seu Evangelho. Por isso, na experiência sacramental de nosso Batismo, desejamos viver a comunhão, sobretudo, em diálogo aberto e fraterno e na escuta acolhedora das diretrizes oriundas da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil. Nós acolhemos as suas inúmeras iniciativas e esforços para que a Igreja no Brasil seja cada vez mais fiel ao projeto missionário, salvífico e libertador de Jesus: “O Espírito do Senhor está sobre mim, porque ele me consagrou pela unção para evangelizar os pobres; enviou-me para proclamar a libertação aos presos e aos cegos a recuperação da vista, para restituir a liberdade dos oprimidos e para proclamar um ano da graça do Senhor” (Lc 4,18 – 19). Junto aos nossos Pastores, em tempos de uma verdadeira cultura da morte, optamos por uma Igreja profética que anuncia o amor à vida e denuncia a matança em nome do poder e do lucro que subjuga os povos e a Mãe-Terra.
Querido D. Luiz, tua presença já é sentida entre nós com alegria e confiança! Somos uma articulação de leigos e leigas e alguns presbíteros, a qual denominamos “Escola de Comunidades”, nome que nos identifica. Escola é lugar de aprendizado, de fazer caminho; lugar de escuta, diálogo, partilha e crescimento e assumimos o jeito de Igreja-comunidade, Povo de Deus que reza, acolhe, partilha a Palavra e o Pão e promove a vida. Portanto, queremos caminhar juntos!
Rogamos ao Bom Pastor, pela intercessão da Imaculada Conceição que teu Ministério seja feliz e fecundo entre nós.
Nova Friburgo, 16 de maio de 2020.
Leigos, Leigas e Presbíteros da Escola de Comunidades
Diocese de Nova Friburgo